Doce Tango Argentino

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Olá amigos Geeks, já faz algum tempo que não dou as caras por aqui. Pois bem, meu tipo de post não é exatamente Geek, mas sei que muitos de vocês também sabem apreciar um bom conto, um bom poema, enfim, um texto bem escrito, ainda que não seja do Nicho Geek / Nerd.

O Senhor Geek Supremo sugeriu que usemos para esses textos o nome de Contos Supremos, bem legal não é? A coluna Contos Supremos contará com textos meus e de outros autores convidados, sem periodicidade ou datas definidas (por enquanto), espero que gostem!


Escritorfóbico

Tanto medo de encarar
Em outra face,
Um novo eu

Como quem vive a delatar
Meus segredos
Em um museu.

Aberto à visitação
Em um fim de domingo

Sonhos ressentidos escancarados,
E nos quadros eu não estou sorrindo,

Pedindo
Ou fugindo
Fugindo
Ou pedindo

No reflexo do espelho, sou eu, ou você,
Que me vive sem receios?

Um escritor não escreve porque ama escrever. O legítimo escritor escreve porque precisa. É assim: o personagem não é inventado. Ele nasce em algum momento e implora que alguém lhe dê voz. Ele precisa do escritor e, como um obsessor, não desiste enquanto não tem seus desejos realizados. Ele lhe tira as noites de sono, implora pelas palavras não-ditas, exclama pelas entrelinhas e sufoca os sentimentos desse pobre ser, que, como um Deus, deve fazê-lo nascer pro mundo dos homens.

O autor é como uma mãe, cuja gestação terá como fim o nascimento de um filho, ficando cicatrizes eternas do parto. Uma mãe nunca é a mesma depois de seu filho, pois um escritor nunca se acomoda enquanto durar a vida de seu personagem. Ele sente suas dores, esmorece por seus percalços e sofre. Nesse sofrimento, transforma-se, transmuta-se, perdendo um pouco de si em cada um deles e ganhando um pouco deles em cada despedida. Por isso, muitas vezes, um personagem deve ter o mesmo fim que os próprios homens: a morte. O escritor, sôfrego, trôpego, fóbico, sem poder mais viver sua própria vida, deve manchar suas páginas de sangue. Ou é ele, ou o personagem, então o criador acaba matando a sua criação, insuportável que é que se viva em um a vida de dois. Alguém tem que fenecer: se o escritor ou a personagem, um deles deve assumir as rédeas direcionais da existência.

Ai, meu Deus, como tenho medo de escrever. Pois sei que, a cada momento, um novo caminho a me levar por breus imensos. Não sei para onde seguir. Há anos eu, fugidia, como quem engana seu próprio rebento, fujo dela. Ela é assim: uma flor dourada à luz do sol. Não quero conhecê-la, pois tenho medo de onde ela me levará. Ela é o meu próprio abismo, o segredo que rompo em cada espaço, as palavras que deixo de dizer no meu silêncio inoportuno. Sofro por medo, pois ela é o meu oposto. Ela é a lembrança de tudo aquilo que escondo fundo dentro de mim. É, pois, tudo que eu deveria ser, mas, por covardia, não consigo. Quando ela invadir minha vida e suspirar seu primeiro suspiro, temo que me anularei. Quando se tornar intolerável a suportabilidade de sua não-existência, devo fazê-la nascer. Mas eu não quero e, não querendo, vou lutando com minha crista levantada e minha reverberante e esmagadora vontade de não ser mais ninguém: quero ser somente eu, no silêncio confortante de se viver na sombra. Que se calem meus personagens e que deixem ser eu mesma a guia em meu caminho!

Ela, neste momento, engana-me, sussurrando em meus ouvidos as entrelinhas de minha criação. Ela me logra e me deseja, ela quer me ser, para me tomar de minha vida. Mas desta vez não a deixarei, pois, decidida que estou, não mais me mancharei de sangue e não mais cederei horas a soltar palavras que não são minhas, mas que indubitavelmente se tornaram minhas.

Eu sempre me sacrifiquei pelos meus personagens. Luto com eles e defendo suas causas até não haver mais tempo para viver minha vida. Chego a tal ponto de muitas vezes defender causas que desconheço, ou que simplesmente não fazem parte de meu arcabouço mental. Foi assim com Diego Vantesier. Ele era um sueco envolvido em fraudes imobiliárias, mas deixei-me ludibriar por seu perfume francês e, aos poucos, fui saboreando a sua existência em palavras. Ele queria que eu escrevesse um romance sobre ele, que lhe desse uma família e um enredo magnífico. Quando dormia e com ele sonhava, despertava-me em suor e, sonâmbula, ia saltear por sílabas tortas. Ele enveredou-se por caminhos oblíquos em sua empresa Garrah, com planos de uma grande Joint venture com outra empresa sueca. O motivo, obviamente, só poderia ser uma baita fraude operacional, envolvendo falsificação de documentos, papelotes consorciais inexistentes e toda espécie possível de golpes baixos.

Um belo dia, Diego me deixou, deve ter ido vampirizar outro pobre autor. Quando ele saiu e me dei por mim, encarei-me frente a frente no espelho e já não era mais a mesma. Meus olhos estavam cheios de olheiras, por culpa das inúmeras noites sem dormir. Ao final, eu tinha somente um romance inacabado e uma solidão como quem perde parte de si. A inspiração havia partido com ele e o que sobrou foi só um corpo vazio, sem alma. O poder criativo me abandonara e, muito aos poucos, passo a passo, fui me apoderando novamente de mim, pois o que antes achara fortuito e tristonho, depois se revelou como um presente que não poderia ter sido melhor.

Eu, escritora apaixonada, não podia ver falhas em seu caráter. Eu já o respirava e era apenas uma sombra vaga de Diego. Ele havia roubado a minha voz e tudo que eu falava respingava a sua embaraçada visão de mundo. Perturbada que me tornei, peguei-me em conversas banais defendendo pontos de vista que jamais foram meus. Por exemplo, no escritório onde trabalho, em uma conversa que estava tendo com um amigo que fora me visitar, que por um acaso é um historiador, comecei a defender algo que jamais pensei que poderia defender. Eu, marxista por minha própria essência, comecei a defender o regime econômico capitalista, destacando sua Laissez-faire e sua capacidade de desenvolvimento econômico, dentre outras características que somente uma visão um tanto equivocada poderia defender. Meu amigo, obviamente, não podia deixar barata tal mudança em mim. Passou a listar inúmeros pontos que eu mesma havia listado em todas as conversações pretéritas, citando efeitos perversos do capitalismo, tais como: completa alienação social, distribuição desigual de renda, má distribuição de poder, imperialismo, exploração econômica, disseminação de uma cultura única, desemprego estrutural e instabilidade econômica globalizada. Eu, alheia ao mundo, só pude notar, como quem enxerga de fora, que algo de muito estranho havia me acontecido. Meu amigo, desde então, jamais voltou a me visitar. A partir desse episódio, deixei de discutir política, economia e tudo o mais que fazia parte dos focos discussionais de Diego, eis que já não podia mais dele me distinguir.

Não poderia, portanto, continuar escrevendo, doravante seria mais eu. Eu quase havia me anulado de um modo irretornável com esse tumultuoso e emblemático encontro com Vantesier. Não havia inspiração deixada e nem tempo para me dedicar aos outros. A partir de então, embora o dom de escrever fosse realmente um dom, pra mim não era mais: era um fardo. Fardo difícil de ser carregado. É assim: você tem que se negar em suas essências. É como se Deus te desse um presente e você respondesse: não, não quero.

Foi assim com Diego: um tempo eu fiquei em crise criativa. Dormia quase em paz celestial enquanto meu corpo se recuperava. Até esse momento, imaginei que minhas súplicas tinham sido finalmente atendidas: eu poderia ser finalmente eu, sem mais nem menos, exatamente como havia pedido. Tive tempo de me analisar e os pontos mais exagerados eu já havia conseguido separar, vagarosamente, como uma cozinheira que, cuidadosamente, separa os grãos bons dos ruins: o que sempre foi meu e o que era de Diego. Certa vez, escrevi minha última despedida a ele, arrematando todos os pontos e demonstrando minha gratidão por sua partida. Eu tinha um livro inacabado, é certo, um best-seller que nunca saíra de minha cabeceira. No entanto, eu me tinha novamente.

Até que então, em uma noite assim que não nos pede pra entrar, ela me apareceu. A primeira visão que dela tive foi como uma rosa: uma rosa bailando à primeira luz da manhã. E eu, acostumada que estava com a branquidão da mente, fiquei encantada com a doce e sutil lembrança de sua dança. Ela tentava me envolver em sua paz de personagem ainda não inventada, que, em retalhos e fragmentos, passei a ignorar. Mas, aos poucos, sem pedir, ela foi ganhando face e voz, invadindo minha vida sem permissão.

Venham cá, se aproximem. Vou mostrar a minha personagem, mas preciso que ela não nos escute. Preciso simplesmente que ela sinta que ignoro sua existência, o que, embora não seja verdade, é uma mentira que preciso manter para seguir minha vida. Shhh. Ela está em um tango argentino, mas ouvi dizer que tem habilidades sobrenaturais de saber quando falamos sobre ela, então, por favor, evite murmúrios, preciso apenas que me escutem. Vou narrá-la, somente para que saibam que não minto, e que ela é toda verdade. Minha personagem é morena, rosada, tem vinte e poucos anos. Ouvi dizer por Antoine que ela é dançarina. É uma dançarina que dança nesse exato momento em que escrevo, e que, nessa volúpia constante, insiste em roubar minha vida. Ela é neta de judeus, mulher graciosa e perseverante. Órfã, foi criada pela avó paterna, que lhe passou modos de uma doce moça. Desde então, decidiu nascer, e quer tomar a minha voz, fazendo-a sua. Seu nome pronunciarei bem baixinho: é Ágata.

Uma personagem nunca escolhe por um acaso o seu escritor. Todos vocês já devem ter percebido que não existem meras fatalidades nessa vida: existem são livros escritos por Deus. Ele faz seu roteiro e graciosamente se diverte, assim como eu outrora fiz. Mas, como o criador é responsável por sua criatura, já não suporto mais meus personagens. Deus é grande e suporta a todos nós. Eu, pobre criatura cheia de enredos, tenho ajudado Deus nessa desventura, e já não tenho suportado um sequer, muito menos Ágata, peso fatal que ela é pra mim.

Deus deve ter me anulado quando nasci. Deve ter assim me dito: – Escreva, dê voz aos filhos que fogem a minha criação, deixa aflorar aqueles que querem nascer, mas que estupidamente me escapam! E então eu, que mal me nasço e mal me crio, tenho que ser Deus dos indolentes que vivem no lado escuro do mundo da criação! Mas Deus me diz que sou sua continuação e que tudo que crio também é criação Dele. Ele tem suas criaturas, e tudo o que eu faço são criações. Então, cometo um crime, o crime do aborto. Não a deixarei respirar nessa vida, vivendo uma meia-vida que é própria dos personagens. Não quero criá-la para, quando finalmente se tornar maior que eu, em minha vaidade de escritora que precisa ser maior que o mundo, entregá-la para a sombra da não-existência. Não me entregarei à vertigem da autocontemplação que, quando me escapa, simplesmente termina a história: em assassínio ou silêncio, quase sempre silêncio, pelo menos no meu caso particular. Existem escritores que são lembrados por seus personagens. Eu sequer serei eu após o nascimento de Ágata… Serei sim a sombra da não-existência. É, pois, matar ou morrer.

Ela agora sussurra em meus ouvidos seu plano. Ela quer que eu escreva um grande romance, o qual ela intitula As Quatro Estações. Quer ser, obviamente, a grande estrela deste romance. Ela é tão ousada que ousa inclusive em seu nome: Ágata, que vem do grego Agathos, que significa “Deus”. Será que tem ela a pretensão de me criar? Se quiser, pode desistir. Não começarei seu enredo. Não trabalharei um minuto sequer em sua história. Deixo Ágata como a pedra a qual compartilha o nome: à deriva, à mercê do tempo e tempestividades. Porquanto meu trabalho é como de um operário, eu escrevo mecanicamente, pois escrevo como respiro. Não escolhi escrever e só o faço mesmo porque preciso. Minha necessidade não é econômica, sequer fisiológica. Deus simplesmente me fez assim. Também romperei com Deus…

Sei que vocês devem estar curiosos sobre o romance o qual não irei escrever. Deixarei aqui a sua ideia para que algum escritor com tempo e alma possa aproveitá-la. Mas Ágata não poderá buscar este outro autor para sua história. Ela está atrelada psicologicamente a mim, eis que nunca foi criada. Seu romance é assim: ela é alguém que nasce, pois alguém vai morrer. E é alguém que vai morrer para alguém nascer. Ela quer contar em histórias o que é o próprio mistério da natureza: o ciclo da vida, a que todas as pessoas estão inevitavelmente sujeitas. Ela nasce e quer fenecer e, fenecendo, sua história será o espelho da história de cada ser vivo. Será um enredo bastante complexo, mas creio que, se assim quisesse, poderia trabalhá-lo bem. Ágata pensa através de mim, pois represento a crise criativa de Ágata em um romance que ela nunca pôde escrever. Mas não quero, não quero, não quero…

O movimento literário começa na sua dança. Em rotação, ela quer significar os inúmeros movimentos que a vida assim faz. Vou contar-lhes de uma maneira demasiadamente resumida, apenas para que saibam que essa história certa vez existiu.

Vamos às estações:

 

Inverno – Tempus Hibernus

Período de hibernação. Esse é o capítulo que retratará a infância de Ágata na Rússia: a perda dos pais e a enorme dificuldade em encarar a si mesma e adaptar-se em um país que nunca fora seu. É o tempo da beleza adormecida, onde vivemos em uma espécie de lucidez sonambúlica. É a perda dos pais simbolizando vidas que se perderam para dar início a vidas novas, como se tudo estivesse predestinado para o nascimento de Ágata: um novo ser que se torna a possibilidade do impossível. É tempo de negação, mas de muitas novas oportunidades que surgem com a primeira brisa primaveril e o inverno que se vai com o amor da avó.

Primavera – Prima Vera

Nasce Ágata na lucidez plena, como uma flor nascida de uma seiva salutar. É nesse ponto o desabrochar da primeira adolescência. Esse período se estende desde a plantação em plena fertilidade até o que se antecede à colheita. É o tempo do frescor, onde a aceitação de Ágata a levará às festivas danças. Novas oportunidades abrolham, revelando o ponto chave para o encontro consigo mesma. Será o tempo da maternidade e da recuperação de tudo o que ela perdera no inverno de si mesma. Será o seu reencontro: uma mulher que, em plena maturidade, se reconhece ao olhar no espelho. É o tempo da promissora carreira de bailarina, dos encontros e de tantos desencontros, e da espera por Joseph, presente lhe dado ao acaso dissimulado.

Verão – Tempus Veranus

É o tempo da frutificação. Representará a maternidade e seus frutos: Joseph, seu filho, que houvera nascido, dando significação à vida de Ágata. É tempo de calor e das chuvas que abrandam a vida, acalmando os sentimentos. Representará o envelhecimento de Ágata e a sensação de plenitude, dever cumprido, que só o sol, com o calor e dias intermináveis, poderá responder.

Outono – Tempus Autumnus

Esta será a queda final de minha personagem. O outono representa o ocaso – o crepúsculo de Ágata. É o fim de sua dança e o início da dança de todo universo, pois, com o fechar dos seus olhos, sua vida se perde, ganhando um sentido a sua dança, como uma folha que, delicadamente amarelada, deixa a árvore da existência. Ela só estava cumprindo a sina que era sua, como é de todos os homens. A vida em fulgurantes avarias e frutos, representando o renascer que é próprio das estações. É o corpo que alimenta a terra, e a terra fértil e abundante que alimenta a vida. Nesse ponto, nascerá uma linda flor, que representará a contribuição de Ágata no universo. Nada poderá ser resumido em ganho ou perda, pois tudo será um ciclo, ciclo de eterna renovação e sofrimento. E é mais um inverno que aí vem… E Ágata que voltará no sopro do vento que carrega a semente para a colheita de uma nova primavera. E assim a natureza se reinventa nas quatro estações.

 

Pronto! Pararemos por aqui. Não quero me prolongar para que ela não perceba que a sua história está latente em mim. Repito: devo evitar o mais leve murmúrio, para que eu não me perca ou me jogue na incrível tentação de contar a sua história. Ademais, creio que seu tango já terminou. Ela deve voltar em breve para minha desgraça e, então, devemos sobrestar antes que seja tarde, eis que ela assumirá minha voz se sentir que respiro seu mesmo ar. Mas olha! Acabo de notar que ela ainda não terminou seu dueto soturno, pois continua dançando e dança, pois, com uma outra mulher. Olhe bem! Eis que sou eu que danço com ela em Buenos Aires, em ritmo infausto de quase aleluia! Céus?!

Sim, sou eu mesma. Nessa síncope binária, vivemos o drama que é nosso. O tango é a forma da arte de expressar em gestos a mais pura tristeza e dançar um tango é sempre tão melancólico! Por que estaremos tristes? Dividimos em uma o que é a vida de duas. E sabemos que fatalmente, embora nos amamos de um modo tão profundo em nossas densidades de mulher, devemos nos separar tão em breve. Uma ou outra fenecerá. E devemos escolher: ou serei eu ou será ela. Então dançamos nossa última dança, lôbrega, em medonho adeus, enquanto lhes escrevo. Pois não poderemos nos suportar eternamente, eis que a fusão não é regra permitida na escrita da vida. Estamos em enlace do abraço colaborado, visto que um tango jamais se dança sozinho: ele é a arte da beleza da síntese por breves instantes. Uma de nós marca e a outra segue nesse êxtase em dança. Quem dita os passos e quem somente acompanha?

Não queria lhes contar, eis que omiti em um ponto dessa nossa história. Prometo que minha explicação será bem simples e breve e perdoem-me se vos traí em confiança. Vamos direto ao assunto: Ágata, minha personagem, é meu outro eu. Explico.

Ágata é o nome de uma pedra de incrível preciosidade. Tal pedra, quando cortada de modo transversal, permite-nos a verificação de variáveis camadas de minerais, de diversas nuances, sedimentadas. Esses são os diversos personagens de histórias, ou, como um psicólogo poderia dizer, a formação de diversos “eus”, em várias formas sobrepostas. Representam, pois, as fases da vida. Quase todas as ágatas são ocas, já que a sedimentação não costuma ser completa, em virtude da deposição de minérios, que é bastante demorada para o tempo dos homens. Geralmente, a ultima camada é cristalina, muitas vezes uma ametista ou quartzo, cujos cristais invariavelmente apontam para o alvéolo. Todo escritor é como uma ágata, que carrega um buraco no peito, um oco que precisa ser insistentemente preenchido.

Dizem que minha Ágata é também escritora. E que feneceu assim que nasci. Quem é quem nesta vida? Feneço e, das minhas cinzas, fertilizo a terra dos sonhos dos homens.


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Se você gostou desse conto, pode conferir mais aqui.

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Ana Paula Lemes de Souza
Ana Paula faz parte de uma geração apaixonada por fantasia, música e arte. Nasceu com um sonho: ser uma fada. Outro sonho: ser deus. Agora pode ser ambos enquanto escreve, fazendo voar nos pensamentos e criando em histórias um novo mundo. É mãe, advogada, militante e, nas horas vagas, pode ser quem mais quiser. Fada do destino que, em estrofes torpes, traça um universo inteiro!
Ana Paula Lemes de Souza

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