Evolution of a Geek

Paperback Writer, uma coluna de Camila Sarrapio

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Boa tarde, boa semana, boa vida. É um prazer escrever nessa incrível espelunca geek. Eu sou a Camila Sarrapio e esse é meu post de estréia por aqui, espero que gostem!


 

Esse texto é fruto de uma parceria do ensino médio. Havia, num futuro próximo, uma feira cultural científica na escola. Éramos 6. E nenhum de nós estava disposto a fazer um vulcão em erupção usando vinagre e bicarbonato de sódio.

Nosso tutor sugeriu falarmos sobre história, e nós aceitamos.
Aos outros coube a pesquisa, a música e o conteúdo escrito. A mim, coube a arte. E um turbilhão de ideias virou uma apresentação incrível que fez todos os professores confirmarem suas suspeitas sobre o meu grupo de amigos fumar muita maconha.

Enfim, o texto por si só nunca será tão legal quanto a peça original, mas eu espero que gostem.
*E, me façam um favor? Cantarolem em suas cabeças todas as partes em itálico? Obrigada. Vlw, flws.


 

Paperback Writer


Respeitável público;

Nós temos a honra de apresentar a raça humana.

Sentem-se, relaxem e fiquem a vontade porque a vida é bela, a história é longa e o universo? Bem… O universo é uma canção e eu vou que vou… Histórias, nossas histórias. Dias de luta, dias de glória.

Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velinho sentado na calçada com uma cuia de esmola e uma viola na mão. O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas e cantou essa música, que contava uma história, que era mais ou menos assim: Eu nasci há dez mil anos atrás. E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais.

Dez mil anos é pouco pra voltar, então, somemos mais alguns milhares a esse número e chegaremos a nossos antepassados mais distantes. Voltemos a quem, em uma ideia bem menos inteligente do que a roda, começou essa cagada.. Já houve um tempo em que o tempo parou de passar e um tal de homo sapiens não soube disso se aproveitar. Do lado de dentro havia uma civilização reprimida e no de fora, todos os corações que procuram a sua órbita. Novas propostas pro mundo. Novos encaixes pras coisas que ainda não estão no lugar. Atento às diversidades. Em busca da chacrete espacial. É preciso provar das loucuras, ativar novas possibilidades. Porque tá faltando emprego no planeta dos macacos. Macacada reunida.. Rapazeada sambando, xingando.. Rodando na pista.

Dias tornaram-se meses e meses tornaram-se anos. Algumas coisas entraram nos eixos, mas outras, se não continuaram na mesma, regrediram. E o homem, pateticamente racional, largou a selvageria e se tornou ainda mais selvagem. O homem deu nome a todos os animais, desde o início, desde o início. O homem deu nome a todos os animais, desde o início, há muito tempo atrás.

Vestiu roupas, meias de lã e meias virtudes. Ganhou voz, razão, dinheiro e capacidade de pensar em atrocidades… Usou dinheiro pra comprar vida e poder para aprisionar almas…

O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela… E sonham com melhores tempos idos. Contemplam essa vida numa cela… Esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar. A Arca de Noé, o dirigível, não voam nem se pode flutuar. Não voam nem se pode flutuar. Não voam nem se pode flutuar… Êeeeeh! Oh! Oh! Vida de gado. Povo marcado. Êh! Povo feliz!…

Usou oportunidade para ter ambição, usou recursos para fabricar mortes e aproveitou do fato de, teoricamente, ser inteligente, para inventar mil e um motivos pra brigar.

Quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade se alguém levasse embora até o que eu não tinha…

Há soldados armados, amados ou não. Quase todos perdidos de armas na mão. Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição: de morrer pela pátria e viver sem razão. Então, vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer.

E se vocês acham que é irrelevante… Pensem nas crianças mudas, telepáticas. Pensem nas meninas cegas, inexatas. Pensem nas mulheres, rotas alteradas. Pensem nas feridas como rosas cálidas. Mas! Oh! Não se esqueçam da rosa, da rosa. Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária. A rosa radioativa, estúpida inválida. A rosa com cirrose a anti-rosa atômica. Sem cor, sem perfume, sem rosa… Sem nada…

Não adianta olhar pro céu, com muita fé e pouca luta. Assim como não adianta lutar sem acreditar na mudança. E a crença na mudança, a fé ou qualquer outro nome que esse sentimento esperançoso tenha hoje ou tenha tido através dos tempos, fez e faz o homem repensar seus atos falhos, mesmo sendo também o motivo de alguns desses atos falhos… Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação… Serão noites inteiras, talvez com medo da escuridão. Ficaremos acordados imaginando uma solução pra que esse nosso egoísmo não destrua o nosso coração.

Coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na dispensa.

Mas, infelizmente, nem todos evoluem juntos.. Nem todos se dispõe a mudar no mesmo dia. E quase ninguém entende quando alguém resolve que do jeito que está não está bom e que há necessidade de mudar.
E, mesmo depois de tanto tempo desde a época em que comia-se carne crua, ainda tem gente que faz o mundo ser, de uma maneira geral, troglodita e até grotesco. Ouça-me bem amor… Preste atenção o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho. Vai reduzir as ilusões à pó.

Voltamos a viver como há dez anos atrás. E a cada hora que passa, envelhecemos dez semanas. Peste bubônica, câncer, pneumonia, raiva, rubéola, tuberculose e anemia. Rancor, cisticircose, caxumba, difteria, encefalite, faringite, gripe e leucemia… E o pulso ainda pulsa. E o pulso ainda pulsa. Hepatite, escarlatina, estupidez, paralisia, toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia, úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria, sífilis, ciúmes, asma, cleptomania… E o corpo ainda é pouco. E o corpo ainda é pouco.

É triste e dia a dia há meros devaneios tolos a me torturar, mas eu to tentando olhar pra frente. Porque apesar de tudo, ainda há esperança. Apesar da dor, ainda há remédio. Apesar da guerra, ainda há bondade. Apesar da ambição, ainda há generosidade. Apesar da selvageria humana, ainda há nos corações aquilo que rege a vida: amor. Chegamos até aqui… A trancos, barrancos, tropeços, machucados, perdas e péssimas lembranças, mas chegamos. Porque tudo isso faz parte de evoluir e evoluir significa jamais parar de mudar. Então, aponta pra fé e rema.

Então vamos celebrar o horror de tudo isto com festa, velório e caixão. Tá tudo morto e enterrado agora, já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção… Então venha! Meu coração está com pressa… Quando a esperança está dispersa só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão. Venha! O amor tem sempre a porta aberta e vem chegando a primavera. Nosso futuro recomeça. Venha! Que o que vem é Perfeição!…

Se você tem um abacaxi, bata com gelo e hortelã. Nada de se preocupar com a verdade do universo. A vida está aí e ali, logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está… E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar. Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar… Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim.. Descolorirá!

 


 

E assim me apresento, espero que tenham curtido. Para conhecer mais de meus textos, visite meu blog, Paperback Writer!! Por hora, fiquem com um pouquinho de Beatles!



Até breve!

 

 

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Sarrapio
Brasileira, mineira e tricordiana de corpo alma e coração. Alguns anos ou um pouco menos. Canceriana até o último fio de cabelo. Amada, tarada e casada. Mãe. Flamenguista, beatlemaníaca e pseudo-chefe de cozinha nas horas vagas. Filha das letras, neta das palavras e apaixonada pelo Leminski. Bruxa, elfa, arcanista, criptógrafa, rainha e semi-deusa, viajou pra vários mundos sem sair do lugar. Universitária, empreendedora e futura empresária de sucesso. Otimista? Só um pouquinho.
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